sexta-feira, 31 de julho de 1998

Visita a Bonito-MS e arredores.











No retorno da Bolívia, resolvemos voltar a Bonito-MS. O visual o charme do lugar a acolhida e a exuberancia do Pantanal Matogrossense e de encher os olhos. São rios com águas cristalinas onde literalmente nos confudimos com os peixes no seu habitat natural, as opções de lazer são inúmeras: cavernas, flutuações, trekking, canoagem rapel etc. Tudo isso sem dispensar a excelente gastronomia matogrossense nos inúmeros Hotéis Fazenda da região. Tudo isso sem dispensar uma atenção especial nos preços, costumam ser salgados.

quinta-feira, 30 de julho de 1998

Bolivia - Estrada do Inferno






Em 1998 a programação era até Machu Pichu mas a viagem mudou de rumo na Bolívia...
Programamos a viagem que seria até o Peru (Machu Pichu). Dessa vez o meu amigo Valdenor não pôde ir e planejamos a viagem eu e o Ivan um outro amigo também apaixonado por motos e que tem uma outra paixão em comum,é ciclista como eu, onde costumamos fazer mountain bike e cicloturismo.
Mesmo com muita informação sobre o trecho a ser percorrido tivemos alguns percalços. A primeira etapa da vigem foi feita aérea, até São Paulo. E enviamos as motos através de uma transportadora até Pres. Prudente. Ao retirarmos as motos da transportadora em Pres. Prudente, percebemos que ambas as motos estavam com o descanso lateral quebrados muito provavelmente tombaram dentro do caminhão. Acionamos a transportadora, mas quando vimos que a solução não ia ser tão ágil, resolvemos nós mesmos procurar uma oficina e consertar o descanso. Fizemos uns pequenos ajustes numa oficina e seguimos para Dourados em Mato Grosso. O inte-ressante é que íamos nos deslocando normalmente a uma velocidade constante de 110km/h e num determina-do ponto entramos num barzinho para descansar. Após fazermos um pequeno lanche, nos aprontamos para sair. O Ivan estava com dificuldades de ligar a moto. A moto insistia em não pegar. Fizemos todo o check-in de praxe, gasolina, mangueiras, centelha na vela, luzes, comutadores, fuzíveis e nada. O único lugar que não tínhamos condições de testar era a caixa de ignição eletrônica. Descobrimos na cidade mais próxima um me-cânico de motos. Era pouco antes do meio dia, levamos a moto do Ivan numa Pick-up até a cidade. Novos testes e o mesmo diagnóstico “ignição eletrônica” um técnico em eletrônica ainda tentou checar os circuitos eletrônicos, mas é impossível mexer naquela “caixa preta”. Resolvemos que o Ivan iria a Campo Grande conseguir uma peça e eu ficaria. O rapaz dono da eletrônica, muito gentilmente cedeu o seu carro para Ivan ir até Campo Grande. Passei a tarde toda esperando o Ivan pois Campo Grande estava a 200km de onde nós estávamos. Foi ficando a noite e eu já muito cansado fui procurar um hotel para me alojar. Já era mais opu menos 11 horas da noite. Fiz uma pequena pesquisa e na falta total de opção entrei num hotelzinho para che-car o quarto. Tive uma grande surpresa. A mulher me levou ao quarto lá nos fundos da pensão. Quando ela abriu o quarto que supostamente eu iria ficar, tive um enorme susto. Na cama tinha uma galinha deitada em cima do que seria o meu travesseiro, a mulher espantou a galinha e imagine tinha um ovo quentinho no tra-vesseiro. É claro que descartei o “hotel” ou “galinheiro”. Procurei outro não menos pior, mas pelo menos não tinha galinha chocando ovo no travesseiro. Quando o Ivan chegou eu já estava dormindo. No outro dia testa-mos o CDI que Ivan havia comprado na Oficina Patinhas em Campo Grande e a moto funcionou de primeira. Bronca resolvida, montamos a moto que praticamente estava com toda a instalação elétrica pendurada toca-mos para Dourados. Lembro um pouco da lamentação do colega pelo preço do CDI. Vai uma dica. Se a sua viagem for muito longa é importante negociar com a sua concessionária a venda de um CDI em consignação. Você leva como garantia e se caso não utilize devolve. A possibilidade de utilização é remota, mas é uma peça que dar um prego legal.
No caminho já próximo a Dourados estava bastante frio e resolvemos parar para almoçar. Paramos num restaurante self service e experimentamos um delicioso rodízio de peixes no melhor estilo da região. Ao chegarmos em Dourados, fomos recebidos pelo irmão da Nice que nos levou até a sua casa. Ficamos para assistir a o jogo do Brasil, pois estávamos em plena época da Copa do Mundo da França. O Ivan até cantou uma aposta, se o Brasil ganhasse ele mergulharia na piscina gelada, mesmo que para isso tivesse que tomar umas boas doses de wisky. Jogo perdido malas arrumadas, Ivan escapa do banho. No dia seguinte partimos para Corumbá, cidade que seria nosso ponto de saída do Brasil.
Nossa primeira falha. Pretendíamos embarcar as motos de trem e seguir até Santa Cruz de La Sier-ra, e de lá seguir rodando. Após muita trabalho na aduana Boliviana, (muita propina para expedição de sim-ples documentos.) conseguimos nos desembaraçar. Por um mal entendido tentamos embarcar em Porto Soa-res, quando deveríamos embarcar em Porto Quijarro ponto inicial de partida do trem. Após algumas horas descobrimos que as motos embarcariam mas não havia trem para nós no mesmo dia e que as motos iriam à frente. Resolvemos desfazer tudo e seguir pela estrada de terra. Estrada que não existe, o que existe é um caminho margeando a linha férrea, onde a maior parte do trecho e de uma areia fina que o pessoal do off road costuma chamar de (fesh-fesh) o que na realidade é uma anomatopéa pois o nome se deve ao barulho que ela faz ao contato do pneu. Ao anunciarmos que iríamos pela estrada, vimos a cara de spanto dos nativos. Outro disse “os brasilenos são mui macho” o que só mais tarde fui entender. Enfrentamos muitos rios com água na altura do motor com atoleiros e enormes pedras. Passamos por alguns povoados, já percebemos que iríamos ter problema com gasolina, pois os povoados eram muito pobres e desertos. No caminho numa curva bem fechada, deparamos com uma batida de carro entre um carro comum e um jipe do exercito Boliviano. Ficamos curiosos pois tratava-se de um Hummer, carro 4x4 usado pelos americanos na guerra do golfo e que é o sonho de consumo de qualquer um que goste do off-road. A pricípio os militares não deixaram fotografar, mas o Ivan conseguio ludibria-los e sacou duas fotos bem interessantes. Após esse incidente seguimos para Carmen onde abastecemos para em seguida tocarmos até Robore, uma cidadezinha com pouquíssima estrutura e per-dida no nada. Rodamos 270 km a uma média de 32km/h foi o dia mais cansativo da viagem. Depois de muito trabalho e procura, conseguimos nos alojar num hotel que para os padrões da cidade era o melhor. Todo o pessoal do consórcio Gasbol (Gasoduto Brasil-Bolivia) se hospedavam nesse hotel. No dia seguinte, já bem descansados e depois de um (desayuno) de apenas um cafezinho preto, estávamos dispostos a enfrentar no-vamente um dia de areia. Não sei se para nossa sorte ou azar, o Ivan tombou com a moto numa areia mesmo em frente uma agencia de passagens. Surgiu a possibilidade de continuarmos de trem. Muito embora o pesso-al que nos vendeu os bilhetes tenham nos “garantizado” que embarcaríamos, deu tudo errado. Bilhetes na mão, motos devidamente pesadas e despachadas, estávamos seguros que embarcaríamos finalmente para Santa Cruz de La Sierra. Passamos o dia ali pela estação, na cidade não tinha muito o que ver, a não ser con-versar com as nossas agentes de viagem no pequeno escritório que funcionava na sala da casa. Pelo menos isso de agradável. Após uma longa espera e até uma certa amizade com o chefe da estação, estávamos convic-tos que estava tudo caminhando na mais completa tranqüilidade, como eles mesmos diziam “puede ficar tran-quile”. À noite o trem da Empres Ferroviária Oriental S A , chegou. Derrepente a estação ficou superlotada de gente numa confusão de embarque e desembarque onde ninguém se entendia. Como havíamos comprado passagens de “brachas” ou seja de primeira classe, achávamos que íamos ter esse mesmo tratamento. Mas qual o que, na hota de colocar as motos para dentro do trem foi o maior sufoco. A DR-800 quase que não entra no pequeno compartimento de cargas, e quando colocamos ela lá dentro, simplesmente o espaço ficou entupido. Não cabia a moto de Ivan. Foi o maior sufoco, gente querendo ajudar que mais atrapalhava e a moto de Ivan não cabia. Quando finalmente colocamos a moto dentro, o pessoal da carga disse que não aceitava que a moto viajasse naquele espaço. Tentamos convence-lo como também o pessoal que nos vendeu a passa-gem, mas não houve argumento. Tentei a última cartada, ofereci 100 dolares para que nos deixasse viajar, mesmo que viajássemos no compartimento de carga com as motos e cederíamaos nossas poltronas confortá-veis mas o cara não queria acordo e até se ofendeu. A essas alturas o stress já estava bastante elevado a níveis de discurssão, o trem já apitava para sair, e estávamos na eminência de ir um e o outro ficar. Resolvemos tirar as duas motos e desfazer tudo que havíamos programado. Voltamos para aquela cidade horrorosa e fomos procurar alojamento. Como já estávamos próximo das 11 horas da noite, a cidade já estava praticamente fe-chada. Não conseguimos vagas nos hotéis ou nem abriam as portas. Finalmente vizinho a um hotel nos deram a informação que um senhor as vezes hospedava os excedentes de hotéis. Batemos a porta do Sr. E ele nos disse que no momento estava sem acomodações, mas ia ver o que podia fazer. Passou um pouco de tempo confabulando com sua esposa e logo em seguida veio com dois enormes cachorros e amarrou na sala. Pediu para que aguardássemos que eles estavam preparando as “habitaciones”. Colocamos as motos dentro da sala e ficamos assistindo a uma televisão preto e branco as 11.30 da noite matando muriçocas e aguardando a limpe-za e arrumação do quarto. Na realidade o quarto que nos alugaram era justamente onde estavam alojados os dois enormes cães. Colocaram duas camas e uma cortina fechando uma porta e fomos lavar o rosto numa pia que estava no chão, talves os .“hospedes” anteriores usassem para beber água, e fomos dormir o sono dos justos muito embora putos de raiva. No dia seguinte ao pé da cama de Ivan havia uma gata com uma ninhada de gatinho amamentando, foi o único momento de descontração.Após tomarmos o tradicional desayuno, re-solvemos então voltar e seguir por outro caminho, pois as informações que recebíamos do que faltava percor-rer, (500km) seria ainda os piores trecho, O esgotamento físico seria quase que inevitável. Voltamos ao ponto de partida, e só aí entendemos os risos do pessoal da estação quando aborrecidos dissemos que iríamos pela estrada, quando eles disseram “vocês são machos mesmos!”. A ida ao Peru foi abortada, mais em contra par-tida voltamos para Natal, passando por vários Parques Nacionais, visitamos Bonito MT, parque nacional da Chapada dos Veadeiros, novamente Chapada Diamantina, e finalmente Natal. Rodamos aproximadamente 9000km dos quais uns 3.500 de estrada de chão. Foi uma boa experiência neste tipo de terreno. Fizemos este percurso em uma DR 800 e um XT 600, onde sempre que era necessário alternávamos de moto, por limitação de peso e altura.