Aventurando: Natal - Caribe Venezuelano - Isla de Margarita.Viagem ao Caribe. Saímos eu e o Valdenor eu na Suzuki DR 800 e o colega numa Ténéré 600. DR-800 novinha, devidamente revisada documentação em dia fotos batidas e tudo mais. Sempre que viajo gosto muito de bater uma foto da saída, até como avaliação do antes e depois. Na saída fomos acompanhados até Parnamirim pelo amigos Ricardo Morayama, Lafayete, Washington todos componentes do Grupo Cangacei-ros do Asfalto do qual fazemos parte. Já era a tarde e nossa primeira parada foi em Mossoró. Pernoitamos no Batalhão da PM e a noite liguei para meu filho para saber noticias e ele me disse que o “japonês” que estáva-mos esperando havia chegado. A historia do japonês é a seguinte: O cara saiu do Japão e estava dando uma volta ao mundo, já no Brasil em Santa Catarina, conheceu um amigo da Mira que informou a ele que se caso fosse passar em Natal entrasse em contato conosco. Pois é o Konijiru estava em Natal. Imediatamente pedi ao Orion meu filho, para entrar em contato com os Cangaceiros e que eles fizessem as honras da casa. Na reali-dade ele ficou hospedado na Mira, mas a galera deu o maior apoio a ele, inclusive fizeram revisão na moto dele uma Yamaha 225cc e também foram a Caruaru no encontro de motos. O japonês ainda passou uns 10 dias em Natal e depois seguiu viagem. Pelo o que eu soube ele foi até o Alaska. Quase que morre de frio e fome, pois a grana dele era escassa.
Mas voltemos a nossa viagem.
Saímos de Mossoró com destino a Belém, a viagem até lá transcorreu normalmente, chegando em Belém fomos até o cais para providenciar o embarque das motos e reservar nossos camarotes, pois como já havíamos numa outra viagem viajado naquelas embarcações, a opção de viajar de rede é totalmente descartada. Pega-mos o barco “João Lopes” O embarque foi tranqüilo, o cais estava na mesma altura do barco e dispensamos carregadores. Alojamos as motos no convés de cargas e fomos descansar. Nesse mesmo dia saímos rio acima em direção a Manaus pelo Rio Amazonas. Nosso desembarque estava previsto para Manaus após 5 dias e meio de subida, mas em conversa a bordo descobrimos que desembarcando em Itacoatiara ganharíamos quase um dia de barco, e que pelo asfalto seriam só 400 km que cobrimos em pouco mais de 3 hs. Já estávamos enjoados de tanto ouvir Reginaldo Rossi, e as músicas do Boi Garantido e Caprichoso nunca ouvi tanto brega na minha vida. As paisagens ribeirinhas são paradisíacas, encontra-se de tudo, palafitas, lindas plantações, criações de búfalos onde podíamos observar búfalos praticamente nadando para pastar, revoadas de pássaros exóticos como araras, papagaios e garças, grandes balsas transportando enormes toros de madeiras nobre. Não pude deixar de registrar o belíssimo pôr do sol no Rio Amazonas De Manaus seguimos para Boa Vista,onde faríamos uma pequena revisão na moto do Valdenor.
No momento dessa pequena manutenção, tivemos uma notícia bastante desagradável. O nosso co-lega Valdenor fez uma ligação para casa, e teve a desagradável notícia que a sua mãe tinha falecido. Puxa pensei, é um fim da viagem. Qualquer decisão que o colega tomasse com certeza eu acataria. Após uma breve conversa, e respeitando o sentimento do colega, aguardei sua reação. Ele me disse que seguiríamos a viagem e que Deus a tivesse em bom lugar, mas não havia mais nada o que fazer. A noite noite nos hospedamos e eu deixei o Valdenor com os seus sentimentos e fomos dormir. No dia seguinte ele aparentava estar com um bom astral e se animou para prosseguir a viagem.
Saímos de Boa Vista e seguimos em direção a Pacaraima, nesse percurso fizemos uma parada para conhecer a Pedra Bonita, um lugar muito bonito com ponte pendurada por cabos de aço bem interessante. Mais para frente atravessamos a reserva indígena dos índios Waimiri-Atroari correspondendo a 200km na mata em estrada de terra a 47 km da divisa dos estados do Amazonas e Roraima, e a 550 km de Boa Vista. Nesse trecho passamos pela linha do Equador onde um marco assinalava Lat. 00º 00’ 00’’, Long 60º 38’ 45’’ foi emocionante saber que estávamos cruzando a linha do equador. As estradas da região norte tem uma parti-cularidade, são as incontáveis pontes de madeira, algumas bem preservadas outras em péssimas condições que chega a dar arrepios na hora de passar pois tem muitas tábuas soltas. Com o tempo e o costume, já estávamos passando a 80km, não tomava nem conhecimento do barulho que ficava para traz. Uma característica dessa região é que como se trata de uma reserva indígena, os órgãos governamentais impõem restrições severas. Não é permitido adentrar nas reservas ribeirinhas, não é permitido parar para fotos com índios e também não é permitido entrar na reserva após às 18:00hs, pois a reserva fecha às 18:00 hs e só reabre as seis da manhã. No final da reserva encontramos um único posto de gasolina com duas bombas e um frentista que também era dono do único barzinho que tinha naquele fim de mundo. As bombas eram manuais e mais uma vez a presen-ça da BR no meio da selva. Seguimos para a cidade de Pacaraima, fronteira com a Venezuela. Fizemos uma parada estratégica no Batalhão em Pacaraima onde o Major comandante do Batalhão da PM nos recebeu mui-to bem. No dia seguinte após os trâmites em Santa Helena de Uiaren, entramos na Venezuela através da Regi-ão da Gran Sabana, no Parque Nacional de Canaima um lugar lindíssimo de uma beleza exótica e impar. O lugar fica próximo do monte Roraima, é repleto de cachoeiras, saltos e cavernas, sem contar que o asfalto é impecável, passamos pela Cachoeira Kama Meru, Queda de Jaspe, Queda Pacheco, Kavana Yen, tudo isso numa altitude de 1300 mts ao nível do mar Após a Gran Sabana passamos por uma linda região montanhosa na serra de Lema parada num pequeno santuário para meditação e chegamos a uma cidadezinha chamada Oitenta e Oito, Estranhamos um pouco pela quantidade de barreiras policiais que tivemos que passar, depois nos disseram que aquela região é muito visada pelo fato de muitos garimpeiros circularem pela região. Os postos de gasolina sempre estavam fortemente vigiadas pelo exército, isso nos causava um estado de tensão permanente. Paramos no restaurante Cacetin Restaurant Angosturita onde abastecemos a barriga e a moto e disparamos para novos horizontes. Começamos a verificar que a gasolina é super barata aproximadamente 15 centavos o litro. Dormimos em Tumeremo e no dia seguinte fomos até uma oficina fazer uma solda na moto do Valdenor e aproveitamos para comer uma arepa, um sanduíche de jamon com queso e um jugo de meloco-ton. Tudo era novidade Vimos ainda as verdadeiras usinas ambulantes. Eram os caminhões americanos MACK que normalmente só vemos em filmes. Fomos até o litoral da Venezuela chegando a cidade de Porto La Cruz, Deixei a escolha do hotel com Valdenor, ficamos no Hotel Cristal Park, numa suíte para dois casais, um excelente hotel mas durante a nossa viagem foi a diária mais cara que pagamos, nosso amigo não tinha muita prática em negociar preços. A cidade é muito bonita, trata-se de uma cidade essencialmente turística com vários restaurantes bons. Pela primeira vez eu vi policiais fazendo patrulha em bikes o que até então só estávamos acostumados a ver em seriados americanos. A noite fomos andar no calçadão da praia. As pessoas são muito educadas, as venezuelanas são lindíssimas e estão sempre muito bem arrumadas e pintadas. Obser-vamos que elas estavam sempre muito bem maquiadas em qualquer ocasião até nas primeiras horas da manhã. De Port La Cruz pegamos um ferryboat para a “Isla de Margarita”, paraíso caribenho da costa venezuelana. A primeira novidade foi o embarque naquele enorme barco que abre o bico de proa para o cais e nele embarca todos os tipos veículos desde motocicleta a caminhões pesados, onde existe um sistema de elevadores hidráu-licos que vão amontoando os carros em plataformas uns sobre os outros. Para economizar compramos a classe turística, o que viemos mais tarde a nos arrepender, não existe conforto nenhum e são aproximadamente 5 horas de barco até a ilha. Durante a travessia passamos por várias ilhas lindíssima sem contar a beleza e a cor do mar caribenho. Logo na chegada, começamos a rodar sem destino certo, procurávamos um hotel, e casu-almente vimos que estávamos sendo seguidos por casal em um jipe. A garota falou em português com agente e então pediu para que parássemos. Era uma mineira casada com um venezuelano e que trabalhavam com passeios turísticos na ilha. Foi uma mão na roda. O casal nos levou para o hotel Maria Luisa, que por sinal está muito bem localizado e após o espanto e a surpresa de saber que viéramos de moto, marcamos um pas-seio no dia seguinte se não me engano por U$ 75,00 a diária. No dia seguinte fizemos um “tour” pela ilha perfazendo 250 km em volta da ilha. Andamos por diversas cidades e praias belíssimas, hotéis de altíssimo luxo, muitas enseadas, fortes e barcos de recreio etc. Fizemos algumas fotos. Fizemos um passeio pelo Parque Nacional Lacuna de La Restinga, onde tem uma imensa área de manguezais totalmente preservados. Obser-vamos os diversos Pelicanos tomando seu banho de sol e comendo peixes. Aproveitamos para também co-mermos nosso peixe a moda caribenha e tomamos banho de praia. Observamos que é muito comum os ven-dedores na praia oferecerem pérolas as mais variadas possíveis. É uma grande variedade de pérolas. Passamos pela igreja de Nossa Senhora do Rosário, onde existe uma lenda que um determinado pescador tinha sofrido um grave acidente no pé por uma mordida de um peixe e seu pé estava com um ferimento de difícil cicatriza-ção. Conta a lenda que ele fez uma promessa para uma determinada santa da região que se ficasse bom do pé, a primeira pérola que ele conseguisse tirar do mar colocaria na igreja aos pés da imagem da santa. Curado ele foi ao mar. A primeira pérola que ele conseguiu pasmem, tinha o formato de um pé. Essa perola esta em ex-posição até hoje na capela da igreja da Nossa Senhora do Rosário. Após alguns dias de descanso, e passeios de Jipe pela ilha, algumas “arepas” e muito top less, alguns bonitos, outros caídos, mas todos muito exuberan-tes e que para nós era novidade ver em público. Conhecemos ainda um brasiliense que morava por lá, nos levou a uma churrascaria brasileira e nos deu uma boa acolhida. No outro dia fomos a um restaurante chinês, pois não gostaríamos de ter surpresas com uma comida que tirasse o nosso relógio biológico do horário. Três dias na ilha, resolvemos voltar. Na volta embarcamos no ferry “Cacica Isabel Conferry” mas desta vez viemos na primeira classe. Conhecemos uma família e fizemos amizade com algumas pessoas. Viemos tomando wiskey importado 12 anos servidos por nossos amigos, e pegamos o endereço para na volta conhecermos Maturim onde estava reservada uma acolhida na casa dos amigos, mas que infelizmente por motivo de uma forte chuva não conseguimos sucesso. Como a Ilha de Margarita e considerada zona franca, no desembarque os guardas da aduana quiseram fazer vistoria nas motos. Mostrei a documentação e o guarda ficou procurando o número do chassi da moto. Depois de quase cinco minutos que ele procurava o número do chassi eu pergun-tei o que ele queria (muito embora eu soubesse, fiquei tirando onda com a cara do guarda, ele não gostou muito, quando eu virei o guidon e apontei para a numeração.)
De volta a Porto La Cruz desta vez ficamos num hotelzinho mais fraco pois a grana estava já começando a ficar curta. A noite saímos para comer uma comida árabe que arruinou o estomago, mas isso é muito comum quando viajamos e experimentamos diferentes iguarias.
Fizemos todo o percurso de volta, optando por passar Maturin, cidade centro de uma das maiores regiões produtoras de petróleo da Venezuela, depois no meio de muita chuva atravessamos o Rio Orenoco, e tocamos de volta para a fronteira do Brasil. Novamente subimos uma linda região serrana, e cruzamos novamente a Gran Sabana. Demos uma parada na entrada da estrada que dava acesso ao monte Roraima. Um índio que se apresentou como guia, queria nos levar até o alto do monte. Ainda tentamos negociar, mas como o tempo corria contra nós, não havia a menor possibilidade de subirmos, pois entre subida e descida totalizava 3 dias que eram feito a pé. Entramos no Brasil e novamente ficamos em Pacaraima. No dia seguinte seguimos pra Boa Vista. Em Boa Vista, resolvemos dar uma esticadela até a Guiana. A estrada novamente era de terra e seguimos ate Lethem, um pequeno povoado a 700 milhas de Georgetown. Logo que atravessamos um peque-no rio em uma precária barca, já sentimos que estávamos noutro pais, pois fomos pedir informação numa pequena casa e os nativos parecidos com índios já responderam em inglês. Saímos pela estrada e nos primei-ros 100 metros encontramos uma placa em inglês, nos alertando que dali para frente era “mão inglesa” ou seja tudo ao contrário do que estamos acostumados a ver no resto do mundo. “WARNING MAINTAIN TO YOUR LEFT KEEP TO THE TIME LANE AT ALL TIMES Em Lethem fomos a Guyana Stored Limited onde existe um pequeno povoado para dar uma olhada nos importados. Não tem muita coisa interessante e o comercio é muito excipiente. Almoçamos no “Restaurant and Bar I and You” onde conversamos bastante com a dona do restaurante. A mesma nos disse que a cozinheira queria nos conhecer, eu disse brincando a comida é excelente e eu não só gostaria de conhece-la mais de leva-la para o Brasil. Quando a cozinheira veio lá de dentro eu me assustei. Era uma garota jovem de cor escura 1,90mts de altura com quase 90kgs eu disse só não levo por que já estou com muita bagagem e fica difícil acomoda-la na garupa, fizemos uma foto e pedimos desculpas pelas brincadeiras no melhor inglês que pude falar. Fizemos o caminho de volta até Ma-naus onde não poderíamos deixar de parar na cidade Presidente Figueiredo, que nada tem a ver com o nosso antigo presidente pois a referencia é a outro presidente de província. Em presidente Figueiredo ao longo da BR 174 ficamos na Pousada das Pedras, cujo proprietário é totalmente pinel, tipo maluco beleza. Tudo na pousada tinha uma história. Filho de um grande lojista de artigos militares em Manaus, vivia de comprar desmanches de prédio velhos e revender as peças de arte para novas construções. A noite ele nos contou uma história interessante. Disse que tinha comprado todo o desmanche de um velho casarão de Manaus. Quando estava fazendo as escavações para retirar adereços grades portas portões e lustres, encontrou um velho porão coberto de escombros, foi desenterrando aquele porão e descobriu uma escada. Dentro do porão além de ou-tras coisas estava um carro antigo em perfeitas condições. Ele não sabe como os antigos donos tinha colocado aquele carro dentro do porão pois não havia entradas e estava exatamente sob a casa, portanto não era uma garagem. Ele acha que o carro foi colocado lá ainda na construção da casa. Uma verdadeira relíquia que ele repassou para colecionadores. Antes de sair aproveitamos para comprar uma boina militar que até hoje ainda tenho.visitamos uma região belíssima de muitas cachoeiras, fizemos a “trilha da onça” tomamos banho em algumas cachoeiras passamos por pequenas pontes de madeira e corda suspensas sobre rios uma aventura típica da selva. Nessas andanças é muito comum encontrar algum ciclista viajando. Nessa não poderia ficar por menos . Próximo a Pres. Figueiredo encontramos o Antonio Carlos gaúcho que estava viajando com des-tino final a França. Tinha saído de bicicletas do Rio Grande do Sul, sozinho com mais de 35 kgs nos alforjes e conseguindo o custeio da viagem com assinatura de livro e com apoio de prefeituras e quartéis. A proposta dele era assistir a Copa do Mundo na França. Depois encontramos também um outro ciclista alemão o Martin que estava percorrendo as Américas, tinha saído do Ushuaia no extremo sul da Argentina e pretendia ir até o Alaska. No dia seguinte seguimos viagem para Manaus. Em Manaus eu sai para jantar e encontrei um outro japonês que estava também andando pelas Américas. Numa Yamaha 225cc Raid. A princípio eu achava que fosse o Konijiru mas não mas as condições de viagem praticamente as mesmas. Fizemos uma parada para descanso e no dia seguinte embarcamos para Belém, desta vez num barco mais confortável. Em terra firme tocamos para Natal. Nesta viagem rodamos aproximadamente 10.500 km e navegamos aproximadamente 4.000.
sábado, 15 de março de 1997
Natal - Caribe Venezuelano - Isla de Margarita.
Moto pronta;
Barco em Belém;
Hotel em Isla de Margarita;
Praia em Margarita;
Guyana LETHEM.
Estrada mão Inglesa;
Caminhão 4x4 BEDFORD;
Ponte de madeira;
Companheiro Valdenor na fronteira;
Reserva dos ìndios Waymiri Atroari;
Cruzando a Linha do Equador LAT 00°00'00"

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Barco em Belém;
Hotel em Isla de Margarita;
Praia em Margarita;
Guyana LETHEM.
Estrada mão Inglesa;
Caminhão 4x4 BEDFORD;
Ponte de madeira;
Companheiro Valdenor na fronteira;
Reserva dos ìndios Waymiri Atroari;
Cruzando a Linha do Equador LAT 00°00'00"

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